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"œNinguém é preparado para ser realmente um investidor", diz especialista

Em entrevista ao ODia, a especialista Augusta Ferraz dá dicas e explica as duas formas mais populares de investimentos no país: a poupança e o tesouro direto.

21/07/2018 09:46

Fazer aplicações com o dinheiro é uma forma de garantir uma maior rentabilidade possível, seja a curto, médio ou longo prazo. Seguir um planejamento estratégico permite também a proteção da renda contra a inflação e outros fatores que podem diminuir o patrimônio. Mesmo esses conceitos sendo claros e, de certa forma, de conhecimento de grande parte da população, executar, de fato, uma economia de renda ou o investimento da mesma é missão que pouco se ver acontecendo no país.

A contadora e mestre em administração financeira pela Universidade Federal da Paraíba, professora Augusta da Rocha Loures Ferraz, faz uma leitura do cenário de investimento e falta de iniciativa da população. “O brasileiro é conservador, não somos induzidos a investir. Ninguém é preparado no brasil para ser realmente investidor, porque falta a base de educação para as pessoas. Não aprendemos na escola e nem fora dela”, considera.

Segundo Augusta, o investidor conservador é aquele que não está disposto a correr riscos, é representado por pessoas que podem até poupar, mas que usam aquele dinheiro para necessidades instantâneas, sendo assim, utilizam a poupança como forma de deposito de dinheiro, não pensando como aquela quantia poderia render em outras formas de aplicação.

E, como a caderneta de poupança, existem outras formas tão simples e, ainda mais rentáveis para investir. O Tesouro Direto é uma delas. Concebido em 2002, o programa foi promovido pelo Tesouro Nacional em parceria com a BM&FBovespa. Essa modalidade de investimento permite que pessoas físicas comprem títulos públicos, emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar investimentos e outros gastos públicos. Por contar com essa garantia do Governo, são apontados como um dos investimentos mais seguros do mercado. 

Nesta entrevista ao ODia, a especialista Augusta Ferraz dá dicas e explica as duas formas mais populares de investimentos no país: a poupança e o tesouro direto. 

Quando é tempo de poupar?

Tempo de poupar é sempre. As escolas até tem uma falha por não terem uma disciplina sore educação financeira. As crianças já deveriam ter a devida noção de dinheiro, gasto, como adquirir dinheiro, como poupar. O presente que ela quer é caro, tem o valor agregado alto, eu até digo brincando que , hoje em dia, são brinquedos que doem: é “aifone (iphone)”, “aipad (ipad)”, são presentes de dois, três mil reais, e as crianças não têm noção do valor agregado que está naquele jogo, naquele celular. Ela só sabe que ela quer, e quer. Então se você vai mostrar o valor que custa cada real, como consegue, como poupa, que uma moedinha é moeda que vale muito, isso começa a transformar o pensamento. É dinheiro que cumulativamente você vai poupando, você vai induzindo ela a não ser só gastador, mas também investidor. Hoje, temos jovens que estão entrando no mercado financeiro, investindo em ações. Uma geração que tem um perfil diferenciado, não são tão conservadores, são mais investidores, dizemos moderados e dinâmicos.

Qual a diferença entre esses perfis de investidor?

O dinâmico diversifica esse dinheiro. Não coloca só em um tipo, investe em ação, que é de risco, parte em poupança para caso de urgência, ele coloca no CDB (Certificado de Depósito Bancário) que tem uma taxa melhor, muitos já estão investindo no tesouro, que pode ser acessado pelo site do tesouro direto mesmo. Lá tem todas letras de câmbio e notas públicas de investimento. Hoje, o tesouro público é o mais procurado, que são, por exemplo, títulos do PAC, itens que quanto mais o país vai crescendo esses títulos vão se valorizando.

Tesouro público se popularizou. Ouvimos muito mais agora falar sobre isso agora, por que?

Porque o governo precisa, hoje, que a gente adquira. O estímulo que ele coloca é quanto maior tributação eles incidem, e quanto maior conversão monetária é jogado, esses títulos são valorizados, ele me dá o poder de recompra, caso eu queira vender, ele me recompra. É um investimento certo por isso.

Independente do cenário econômico?

Sim. Mas lógico que ele [o Governo] vai comprar de acordo com o valor do momento, variando pela taxa Selic e do PIB, mas ele vai fazer essa recompra. Então tenho um comprador fiel,q eu é Governo, ou posso fazer ele normativamente, transferindo para alguém.

É um investimento bem autônomo, não é isso? As pessoas podem livremente acessar esses títulos do tesouro pelo site e fazer os devidos investimentos.

Sim, eles podem ser feitos a partir de 35 reais. É só entrar no site do tesouro nacional e você já pode começar a ler, lá tem várias normativas e instruções e você já pode começar a investir. Todos os bancos, dentro do seu portfólios de ações, possuem título do tesouro, então você pode dentro do seu próprio banco, da sua conta corrente, dizer para o gerente o que você quer. Até recomento que seja vinculado ao seu banco.

E a diferença entre a poupança?

A poupança é o investimento mais tradicional, ou mais popular, pode ser qualquer valor, não tem um teto, até um menor pode investir e ela tem algumas flexibilidades que a favorece. Mas ela é uma das que tem menor taxa, uma variação de 0.5% ao mês, ela não tem taxa de manutenção, não tem taxa administrativa, ela não vai ter IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), então têm várias variáveis que atraem, e como o brasileiro é conservador, não somos induzidos a investir a outros tipos, ela acaba sendo mais utilizada. Ninguém é preparado no brasil para ser realmente investidor. Não aprendemos nem na escola e nem fora dela.

Confira a entrevista na íntegra na edição de Fim de Semana do Jornal O Dia.

Por: Glenda Uchôa
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